O brasileiro vem se preparando cada vez mais na estruturação de sua startup em termos de governança corporativa, porém pesquisas mostram que estas deixam de evoluir com essa estrutura conforme crescem e se posicionam no mercado. Isso mostra um sinal de oportunidade para as empresas que melhoram esse tema e estão em busca de investimentos.
O sistema de Governança Corporativa são as boas práticas que envolvem o monitoramento, relacionamento entre sócios, diretoria, órgãos de fiscalização e controle dos interessados. Tais boas práticas se convertem em princípios básicos e recomendações objetivas, preservando e otimizando o valor econômico de longo prazo da organização. Com isso, facilita-se o acesso aos recursos e contribui para a qualidade da gestão da organização, longevidade do negócio e o bem comum.
Ao dividir as companhias/startups em fases de acordo com o desenvolvimento inicial do produto até o momento de receber um investimento massivo para ocupar lugar no mercado, temos a Ideação, a Validação, a Tração e a Escala.
Nas duas primeiras etapas, é esperado que a governança não seja muito evoluída, com base nas pesquisas com os investidores. Porém, nas duas fases finais, os controles devem avançar de modo significativo para que a empresa atraia recursos e os utilize bem.
Em fases de ideação, pesquisas mostram que a preferência é de uma rede de mentores e conselheiros, o que mostra uma melhor estruturação no início. As que estão em fases de ideação e validação apresentam uma maturidade elevada em relação a algumas práticas de estratégia e sociedade. Aqui estão acima das expectativas dos investidores nesse período de maturação do negócio.
PORÉM, assim como a empresa aumenta, suas exigências também! Conforme vão crescendo, deixam de cumprir as expectativas dos investidores. Exemplificando: No pilar de Estratégia e Sociedade, 20% das empresas na fase de Tração afirmam cumprir as práticas relacionadas aos temas de Processo formal para estratégias, ética e conduta. A esperança dos investidores era de no mínimo 41%..
Tratando-se de Pessoas e Recursos Humanos, as expectativas dos investidores superam 46% em todas as práticas, mas as startups no momento de tração não atingem os requisitos esperados, cenário visto também em fases de escala.
No pilar Tecnologia e propriedade intelectual, vê-se um cenário pior: 45% das startups na fase de tração tem baixo nível de maturidade e quase metade ainda adota práticas da fase de ideação, mesmo estando em um estágio avançado de desenvolvimento. Já 25% das startups em fase de escala não adotam nenhuma das práticas de governança corporativa associada ao tema.
Em Processos e Accountability, vê-se que a maioria das startups têm controle interno de apuração de resultado ou modelos de planejamento e gestão orçamentária estruturados. POR OUTRO LADO, práticas relacionadas ao relacionamento com Órgãos de Fiscalização e controle, assim como áreas de relacionamentos com investidores PERMANECEM com baixa maturidade de implementação.
MAS POR QUE ISSO ACONTECE??
As startups são empresas iniciantes. Espera-se que elas busquem primeiro desenvolver os produtos e o modelo de negócios sustentável antes de estruturar os processos de controle internos. Contudo, conforme ela cresce e vai se provando, tais estruturas são exigidas.
Existe um choque no nível de governança corporativa exigida. Resolver isso em fase de tração talvez seja um insight, mas nesta fase, ja é momento de ter uma maior formalização.
Ter essas estruturas nas fases iniciais é uma boa situação, mesmo que não sejam tão evoluídas. Assim, é mais fácil coincidir o crescimento do negócio com a evolução da governança. Deixar isso para momentos posteriores é mais doloroso, tendo em vista os vícios que a empresa já adquiriu. No momento da tração, necessário parar e reacessar as políticas para corrigir problemas.
Em fase de escala, é onde as startups mais buscam recursos para ocuparem um espaço no mercado. Em estudo, 38% dos investidores esperam que a fase de escala e expansão tenha um departamento próprio, o que só 16% das empresas dizem ter. Essa estatística estar tão baixa é surpreendente, por já estarem buscando recursos. Ter esse departamento próprio é um grande diferencial, sendo recomendado que sua estruturação ocorra o quanto antes.
BOAS NOVAS!!
As startups que chegaram nas fases de tração e escala provavelmente tem mais recurso para cobrir os gaps indicados nas pesquisas, por já terem um produto e um modelo de negócios estabelecido. Se em um primeiro momento o foco voltou-se para os aspectos comerciais, chega um momento em que precisa colocar ordem na casa.
Mas não precisa esperar tanto para resolver os problemas, sendo que com outros olhares, é possível resolver as expectativas dos investidores. É o momento crítico de virar a chave para esse patamar de governança super exigente.
Para os projetos em fases iniciais, os estudos ajudam a indicar possíveis caminhos. Tendo uma governança melhor preparada, torna-se mais fácil atrair investidores, ainda mais em um momento em que as captações para startups diminuiram.
Temos por um lado os investidores, que estão cada vez mais seletivos. Já no outro lado, temos as startups, que voltam no ponto da governança, em um momento que precisam olhar para modelos de negócios mais sustentáveis. Isso demonstra que a empresa possui um controle do investimento e toda a capacidade para crescer.
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